13, Maio 2021
Senhora da Rosa: um hotel Açoriano com história e sustentabilidade
Há um novo oásis de portas abertas em São Miguel, nos Açores. Com uma história que recua até ao século XVIII e propriedade da família de Joana Damião Melo, o Senhora da Rosa Tradition & Nature acolhe quem o visita com todos os atributos de um hotel de quatro estrelas e não deixou a sustentabilidade de fora.
Há um novo oásis de portas abertas em São Miguel, nos Açores. Com uma história que recua até ao século XVIII e propriedade da família de Joana Damião Melo, o Senhora da Rosa Tradition & Nature acolhe quem o visita com todos os atributos de um hotel de quatro estrelas e não deixou a sustentabilidade de fora.
Mergulhada numa herdade de 1,2 hectares, a quinta começou por ser conhecida pelas laranjas que produzia. Entretanto, a praga que afetou a produção obrigou os proprietários a reinventar o negócio para a produção de ananás. Séculos depois, já em 1994, a Senhora da Rosa reabre como estalagem, mas acabaria por fechar.
“Eu cresci na antiga Estalagem Senhora da Rosa, encontrei a minha paixão aqui, além do que é um espaço com muito potencial”, começa por contar à RECICLA Joana Damião Melo.
A tradição aliada à história
É a antecipar o verão de 2021 que a quinta renasce enquanto hotel. Conta com mais de 30 quartos, duas suites e dois espaços nos antigos cafuões da herdade. Apesar de “tudo ter mudado”, como descreve a proprietária, houve muito que ficou inalterado no tempo.
“Trouxemos dois elementos diferenciadores que não eram alavancados no passado: a natureza e a tradição. A natureza, porque estamos envolvidos por uma quinta, e a tradição, que antigamente também não era muito explorada”, explica.
De braço dado com a história e com a paisagem, a decoração do hotel, que ficou a cargo da mãe da proprietária, Lili Damião, enaltece cores, materiais e plantas tradicionais da ilha. Além disso, todos os espaços antigos, incluindo a ermida de 1897, estão visitáveis e abertos para que os hóspedes possam conhecer mais sobre o passado da herdade.
“Trouxemos muitos objetos que fazem parte da nossa história de família”, revela Joana Damião Melo. “Temos lençóis de linho antiquíssimos nas suites, num dos corredores dos quartos temos uma exposição de portas antigas e noutro temos de fronhas bordadas que eram dos meus avós e dos meus bisavós”, conta.
A estas características juntam-se pormenores tradicionais únicos, como uma receita da avó, incluída na carta do restaurante, a utilização de um serviço de chá antigo no bar e ainda uma coleção de latas antigas, “com mais de cem ou 150 anos”, acrescenta a fundadora.
Relaxar e aproveitar o que a natureza oferece
Além da tradição, no Senhora da Rosa procura-se uma maior conexão com a natureza envolvente, razão pela qual foram recuperados e recriados para pernoita os antigos cafuões da herdade. As estruturas de madeira, antigamente utilizadas para guardar cereais num nível acima do solo, foram convertidas em quartos que incluem casa de banho, zona de estar e terraço com banheira ao ar livre, rodeado por bananeiras.
Há também um spa com quatro salas de tratamento, estúdio para aulas de ioga e pilates, com uma vista que convida a relaxar e desfrutar da calma da paisagem. Em plena harmonia com a natureza, as preocupações ambientais não podiam ficar de fora. Por isso, 80% dos tratamentos são realizados com óleos essenciais resultantes de matéria-prima local e sazonal, originária da quinta ou da ilha.
Turismo e sustentabilidade
A preocupação com o ambiente vai mais além. Com 220 painéis fotovoltaicos que se juntam aos 20 painéis solares, Joana estima que a herdade venha a conseguir produzir 65% da energia de que necessita.
As águas pluviais são também aproveitadas para abastecer os autoclismos e a rega dos terrenos. Existem duas zonas de horta de onde saem os legumes confecionados no restaurante e uma grande variedade de árvores de frutos e ervas aromáticas que abastecem o consumo do hotel. Além disso as laranja, os limões, as bananas e as castanhas, consoante a época do ano, são utilizadas nas amenities, produzidas numa saboaria local e que chegam ao cliente sob forma de champô sólido, creme de corpo e sabonete em barra, evitando, assim, o consumo de plástico e reduzindo a pegada carbónica.
O Magma, o restaurante do hotel, serve refeições de cozinha atlântica com raízes açorianas. Para as receitas do chef João Alves, são utilizadas as hortícolas produzidas na horta e outros produtos da ilha, como a pimenta da terra, o chá, os queijos, as conservas e o peixe do Atlântico.
Para acompanhar a vista do topo do edifício junta-se aos serviços da herdade o bar rooftop Mirante, onde são servidos cocktails com a fruta açoriana em destaque e outros ingredientes que chegam de produtores preocupados com a pegada ambiental.
Envolto na natureza da ilha de São Miguel, o Senhora da Rosa é o mais recente empreendimento turístico que alia história, tradição e sustentabilidade. E que vale a pena conhecer.
