8, Junho 2022
Casca de camarão é tudo o que é preciso para fazer uma nova embalagem e estes alunos explicam como
Do concurso da Universidade de Coimbra, Sustenta UC, que pretende estimular o empreendedorismo tecnológico e criativo na área da sustentabilidade nasceu a ideia vencedora de aproveitar as cascas de camarão para produzir embalagens. Uma “ideia diferente”, “um objetivo conciso”: criar uma embalagem 100% camarão. Curioso? O João Lourenço, a Maria Félix, a Inês Figueiredo e a Carolina Fernandes contam tudo à RECICLA.
Do concurso da Universidade de Coimbra, Sustenta UC, que pretende estimular o empreendedorismo tecnológico e criativo na área da sustentabilidade nasceu a ideia vencedora de aproveitar as cascas de camarão para produzir embalagens. Uma “ideia diferente”, “um objetivo conciso”: criar uma embalagem 100% camarão. Curioso? O João Lourenço, a Maria Félix, a Inês Figueiredo e a Carolina Fernandes contam tudo à RECICLA.
Em que consiste o projeto?
O projeto consiste em desenvolver uma embalagem 100% camarão. Ou seja, ao invés de se desperdiçar as cascas, quando a indústria está só interessada em embalar miolo, estas seriam resgatadas para extrair a quitina e produzir embalagens, utilizando apenas casca de camarão e evitando a utilização de plástico.
A ideia é conseguir embalar miolo de camarão congelado, mas o passo seguinte é que, com o mesmo modelo, seja possível embalar também outro tipo de marisco congelado. Segundo os dados que encontramos, tanto em Portugal, como em outros países, consome-se mais marisco congelado do que fresco. O marisco congelado chega ao consumidor embalado em plástico. O nosso objetivo é substituir essa matéria-prima.
Para quê criar uma caixa 100% camarão?
O projeto visa o não desperdício alimentar e o não desperdício do exoesqueleto do camarão, isto é, da matéria-prima que pode ser aproveitada em vez de descartada para aterro ou incineração. Assim, há uma outra solução para a casca e não só para o miolo. A juntar a isto, ao utilizar a casca do camarão, estamos também a evitar a utilização do plástico, tentando desenvolver um produto mais sustentável.
Não sabemos quanto tempo estas caixas se mantêm uteis e possíveis de ser utilizadas, mas sabemos que elas aumentam a durabilidade do produto. O facto de podermos acondicionar o marisco em embalagens revestidas por quitina aumenta o prazo de validade do alimento em cerca de 50%, o que também ajuda a diminuir o desperdício alimentar e aumentar a vida útil do produto.
Como é que esta caixa poderá ganhar vida?
Como vencemos o concurso, ganhamos alguns prémios, entre eles um financiamento. Estamos a pensar desenvolver em laboratório o produto, para podermos validar a nossa ideia. Com base nas pesquisas que fizemos, já existem produtos semelhantes a ser feitos, mas nós temos de desenvolver o nosso para o diferenciarmos e perceber de que forma ele é viável.
Este projeto poderá inspirar os outros a adotar melhores hábitos? Porquê?
Sim. Quando apresentámos a ideia, surgiram logo várias questões sobre se a caixa seria comestível. Não é, mas as pessoas acabaram por ficar curiosas e a curiosidade é o fator principal. Porque, ficando curiosas, vão querer comprar, vão querer experimentar, vão despertando para as questões ambientais e de sustentabilidade.
Porquê apostar na sustentabilidade e no empreendedorismo sustentável?
Neste momento, o mundo caminha para um precipício a nível ecológico e, portanto, uma das formas de tentar ajudar a que haja uma mudança é implementar ideias inovadoras que tenham como base produtos mais ecológicos e que nos ajudem a caminhar para um futuro melhor e não numa mesma linha, que as gerações passadas criaram e que se tornou bastante nefasta. Neste momento, passa muito por ter ideias que levem as pessoas a mudar os hábitos de vida e os de consumo.